domingo, 21 de julho de 2013

DOM JOSÉ TOMÁS GOMES DA SILVA

 
José Ozildo dos Santos

 
Sacerdote, educador e jornalista, nasceu a 4 de agosto de 1873, na povoação de Barriguda, atual cidade de Alexandria, à época, parte integrante do município de Martins, no Oeste potiguar. Foram seus pais o Dr. Tomás Gomes da Silva e dona Ana Constância da Silva.
Na cidade de Martins, fez seus estudos primários e vocacionado para o sacerdócio, ingressou no tradicional Seminário de Olinda, recebendo a tonsura clerical, em 1893, concedia por Dom Raimundo da Silva Brito, futuro primeiro Arcebispo de Olinda. Criada a Diocese da Paraíba, a convite de Dom Adauto de Miranda Henriques, transferiu-se para a capital paraibana e no Seminário local, reiniciou seus estudos, recebendo as ordens menores, a 28 de outubro de 1894, seguidas do subdiaconato (1895) e do diaconato (1896).
Sua ordenação sacerdotal, ocorreu a 15 de novembro de 1896, em cerimônia litúrgica realizada na Catedral de Nossa Senhora das Neves, recebendo a sagrada ordem do presbiterato das mãos de Dom Adauto, de quem tornou-se um dos principais auxiliares.  

Dom José Tomás Gomes da Silva 

Homem culto, cedo revelou-se educador dos mais talentosos. Ainda em princípios de 1897, foi nomeado professor de Língua Portuguesa, do tradicional Liceu Paraibano, integrando também o corpo docente do Seminário Episcopal da Paraíba, ali lecionando Eloqüência, Filosofia e Direito Canônico (1897-1907).
Designado secretário do Bispado (1897-1911), foi distinguido com o título de Cônego do Cabido Paraibano (1905) e posteriormente, elevado à dignidade de Monsenhor, pelo Papa Pio X (1907). Diretor Espiritual do Seminário Episcopal Paraibano, na condição de Visitador Diocesano, percorreu diversas freguesias do Rio Grande do Norte e da Paraíba.
No exercício das referidas funções, coletou donativos pecuniários, que foram destinados à formação do patrimônio da futura Diocese de Natal. Durante muito tempo, militou na imprensa e sob a sua direção, a 27 de maio de 1897, surgiu em na capital paraibana o jornal católico ‘A Imprensa’.
Homem de letras, participou da fundação do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (1905). A 7 de março de 1911, foi elevado ao episcopado, após ser escolhido pelo Papa Pio X, para ocupar o recém-criado Bispado de Sergipe. Sua sagração episcopal, ocorreu em solenidade realizada na Catedral de Nossa Senhora das Neves, tendo com sagrante Dom Adauto de Miranda Henriques e consagrantes, os bispos Joaquim Antônio de Almeida e Augusto Álvaro da Silva, titulares das Dioceses de Natal e Barra do Rio Grande-BA, respectivamente. Empossou-se na Diocese de Aracajú, a 4 de dezembro de 1911, num ato religioso que contou com grande número de fiéis e autoridades civis e religiosas.
No exercício de seu episcopado, fundou o Seminário Diocesano de Aracajú, criou várias paróquias e ordenou diversos sacerdotes. Durante 37 anos, ocupou o sólio sergipano, com dignidade e dedicação, falecendo no exercício de suas funções a 31 de outubro de 1948, aos 75 anos de idade. Seu corpo, foi sepultado na Catedral de Aracajú.
 

segunda-feira, 8 de julho de 2013


ERNESTO HERÁCLIO DO REGO

  
José Ozildo dos Santos

 
Pernambucano, natural da cidade de Belo Jardim, Ernesto do Rego nasceu a 31 de dezembro de 1910 e era filho do casal João Ernesto do Rego e Josefina Heráclio do Rego. Com apenas um ano de idade, transferiu-se para o atual município de Boqueirão, no Cariri paraibano, onde seu pai era um dos mais abastados proprietários rurais da região.  Ali, criou-se, somente ausentando-se para estudar em Limoeiro e posteriormente, no Recife, onde concluiu o antigo curso secundário.
Membro de uma tradicional família de políticos, que durante décadas comandou os destinos administrativos dos municípios pernambucanos de Belo Jardim e Limoeiro, Ernesto do Rego era primo do prestigiado Coronel Francisco Heráclio do Rego, que projetou-se no cenário político daquele Estado, elegendo-se deputado estadual e federal em várias legislaturas.
 
Ernesto Heráclio do Rego 
 
Após o falecimento de seu pai, Ernesto do Rego herdou uma extensa propriedade denominada ‘Fazenda Nova’, localizada no antigo território do município de Cabaceiras, que, por seu trabalho e contínua dedicação, tornou-se o melhor e mais rico imóvel rural da região.
Redemocratizado o país, ingressou na política, filiando-se à União Democrática Nacional - UDN, partido que a partir de 1947, passou a agrupar as forças de maior expressão eleitoral no Estado, elegendo-se prefeito do município de Cabaceiras, onde, ainda muito jovem, na condição de importante agropecuarista, passou a gozar de elevado prestígio pessoal.
Em 1950, elegeu-se deputado estadual. No entanto, sem vocação para os debates do plenário da Assembleia Legislativa, Ernesto do Rego não disputou sua reeleição, embora tivesse condições de lograr êxito. Preferiu limitar-se a política municipal e a 3 de outubro de 1955, conquistou nas urnas seu segundo mandado como prefeito de Cabaceiras. Naquele município, sua segunda administração foi por demais proveitosa. Com parcos recursos, determinou a abertura e a conservação de várias estradas vicinais e recuperou todos os prédios públicos existentes na sede do município, além do Grupo Escola da Vila de Barra de São Miguel.
Durante sua administração (30-11-1955 a 29-11-1959), de acordo com a nova divisão administrativa do país de 31 de dezembro de 1955, o município de Cabaceiras passou a ser composto por sete distritos: Cabaceiras (sede), Alcantil, Caturité, Riacho de Santo Antônio, Potira (atual Barra de São Miguel), Carnoió, Bodocongó e Caturité. Uma extensa área para se administrar com quase nenhum recurso, visto que naquele tempo, os municípios sobreviviam apenas das receitas arrecadadas em seu território.
Mesmo assim, sua ação administrativa fez-se presente em todo o município. E, o maior reconhecimento de seu trabalho foi a consagradora votação alcançada por José Braz do Rego, seu filho, nas eleições de 3 de outubro de 1958. Acadêmico de Direito, Zé Braz elegeu-se deputado estadual aos 22 anos de idade, após totalizar 3.132 votos, tornando-se o mais jovem membro da Assembleia Legislativa, durante a legislatura de 1959-1963.
Ainda durante sua gestão administrativa como prefeito de Cabaceiras, foi concluído o Açude Epitácio Pessoa, na antiga vila de Carnoió, atual município de Boqueirão. Naquela época, a serenidade da pacata vila foi quebrada e “a medida que se desenvolviam os trabalhos de construção do açude, aumentava a população local”.
Dirigente responsável, Ernesto do Rego participou diretamente do progresso da futura cidade de Boqueirão, dando inteiro apoio e auxiliando na busca das soluções para todos os problemas ali surgidos. No dia 11 de janeiro de 1957, o referido açude foi inaugurado pelo Presidente Juscelino Kubitschek.
Concluindo sua administração como prefeito de Cabaceiras, Ernesto do Rego centralizou sua atividade política no recém-criado município de Carnoió, emancipado a 30 de abril de 1959, para cuja conquista, foi ele o principal mentor. Ali, aos 11 de agosto de 1963, elegeu-se prefeito constitucional, empossando-se no dia 30 de novembro seguinte, num vibrante ato festivo, no qual foi registrada uma das maiores concentrações populares de toda a história de Boqueirão.
Na prefeitura municipal de Boqueirão, Ernesto do Rego teve uma atuação marcante. Em sua gestão, foi responsável pela organização administrativa do município e pela construção de várias escolas municipais, tanto na cidade como na zona rural, especialmente na sede dos distritos não servidos por grupos estaduais. Administrador probo, tornou-se uma liderança incontestável no município de Boqueirão. Reeleito prefeito para mais outros dois mandatos, administrou aquela comuna paraibana ainda nos períodos de 31-01-1973 a 30-01-1977 e de 31-01-1983 a 30-12-1988.
Durante trinta anos, Ernesto do Rego comandou os destinos políticos de Boqueirão, sempre elegendo seus candidatos a prefeito e a maioria dos membros do poder legislativo. Homem de grande visão, foi responsável pela realização das principais obras de cunha administrativo, educacional e social no município, sendo digno de registro a construção e instalação da Maternidade Edite Lucena do Rejo, hoje, mantida pela Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Boqueirão, além da construção dos edifícios onde funciona a sede do governo municipal e o Clube Recreativo, entre outros.
Ernesto do Rego, durante toda sua vida, primou pela lealdade aos amigos, que considerava-os preciosos. Homem de posições firmes e atitudes fortes, jamais deixou de atender uma reivindicação justa, mesmo que lhe fosse formulado por um adversário. Político sério, não era homem de pedir. Em 1965, com a instituição do bipartidarismo, filiou-se aos quadros da Aliança Renovadora Nacional - ARENA, pela qual elegeu-se prefeito de Boqueirão, no pleito de 15 de novembro de 1972. Após a reforma partidária de 1979, ingressou no Partido Democrático Social - PDS, que garantiu legenda para sua terceira eleição à prefeitura de Boqueirão, no pleito de 15 de novembro de 1982.
Os últimos anos de sua vida, Ernesto do Rego permaneceu afastado da política. Com a saúde abalada, foi submetido a tratamento médico, por vários meses, no Recife, onde faleceu a 13 de março de 1999, aos 89 anos de idade incompletos. De seu casamento com a senhora Edite Lucena do Rego, nasceram três filhos, dos quais, alcançou projeção e destaque, o já citado Dr. José Braz do Rego, eleito deputado estadual por três legislaturas consecutivas, falecido prematuramente quando exercia as funções de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.
Como político e cidadão, Ernesto Heráclio do Rego contribuiu muito para o desenvolvimento da cidade de Boqueirão, a qual amou e dedicou sua vida durante três décadas, na condução de seus destinos políticos e na busca de soluções aos mais variados problemas enfrentados por seus munícipes. Lamentavelmente, por um descuido da história e devidos aos vícios da política, seu nome, ali, sequer é lembrado, designando o mais simples logradouro público. Talvez, no dia que a gratidão tornar-se um tesouro de todos, o poder público e o povo de Boqueirão, preste uma homenagem sincera a esse grande líder, evitando que as gerações do futuro, sejam contagiadas pela mesquinhez do presente. 
 

Boqueirão - PB, 30 de maio de 2001.