quinta-feira, 17 de novembro de 2011

NORTERIOGRANDENSES ILUSTRES - VII

MANOEL GOMES DE MEDEIROS DANTAS

José Ozildo dos Santos

J
ornalista, político, magistrado, historiador, jurista e educador Manoel Dantas nasceu a 26 de abril de 1867, na Fazenda ‘Riacho Fundo’, município de Caicó, na região do Seridó potiguar. Com sua avó materna, aprendeu as primeiras letras. Em 1879, passou a freqüentar uma escola de Latim, que existia na cidade de Caicó, antiga Vila do Príncipe, dirigida pelo talentoso professor Manoel Pinheiro Brasil. Transferindo-se para a cidade do Natal, em 1884 concluiu o secundário no Ateneu Norte-riograndense. No ano seguinte, ingressou na tradicional Faculdade de Direito do Recife, diplomando-se em Ciências Jurídicas e Sociais, a 29 de novembro de 1890.

Abolicionista, pertenceu ao grupo liberado na Província por Pedro Velho, defendendo na tribuna popular a abolição da escravatura, muito tempo antes da Lei Áurea. Republicano histórico, em fevereiro de 1889, nas páginas de ‘O Povo’, periódico que se editava na cidade do Caicó e do qual foi um de seus fundadores, Manoel Dantas declarou sua opção política, afirmando que “precisamos de idéias práticas e realizáveis; e sobretudo de educar o povo ignorante para melhor fazê-lo compreender os seus direitos”.

Manoel Gomes de Medeiros Dantas

Desta forma, ao declarar-se republicano, contrariou as posições do Partido Liberal, ao qual era filiado, fato que resultou na sua exoneração da Promotoria Pública de Jardim do Seridó, antes mesmo de sua posse.
Diplomado, retornou ao Rio Grande do Norte. O novo regime já encontrava-se consolidado e sua primeira nomeação foi para ocupar a Promotoria Pública da Comarca de Acari (1890). Seguidamente, foi Juiz Federal Substituto, em Natal (1891-1894) e Procurador Geral do Estado (1907-1911). E, deixando a magistratura, dedicou-se à advocacia.
Advogado talentoso, “a sua banca foi sempre a mais freqüentada pela melhor clientela do Rio Grande do Norte, e os seus pareceres, razões e trabalhos forenses marcaram época pela cultura revelada e alto senso jurídico de que eram impregnados”.
Notáveis também foram sua participações perante o Tribunal do Júri e na tribuna da Assembléia Legislativa, da qual foi membro durante a legislatura de 1907 a 1909. No entanto, a 7 de março de 1907, renunciou seu mandato, por ter sido nomeado Procurador Geral do Estado.
Entretanto, ainda no decorrer daquela legislatura, retornou ao Parlamento Estadual, eleito em pleito complementar, realizado a 15 de setembro de 1907. Mas, no ano seguinte novamente renunciou seu mandato, sendo substituído na Assembléia Legislativa pelo senhor João Pessoa Cavalcanti.
Na política, além de deputado estadual, Manoel Dantas foi membro da Intendência Municipal, em Natal. Eleito seu presidente para o biênio 1924-1925, administrou a capital potiguar por poucos meses, antes de falecer.
Jornalista da melhor escol, fez do jornal “sua casa espiritual”. Escreveu para as páginas de ‘O Povo’, quando ainda era acadêmico de Direito (1889). Em Natal, entrou para a redação d‘A República’, fundado depois ‘O Estado’, através do qual fez forte oposição ao Partido Republicano Federal, do qual desligou-se, acompanhado os dissidentes liderados pelo senador José Bernardo, de quem era parente.
Polemista, Manoel Dantas sabia como ninguém dominar as palavras, “deixando muitas vezes o adversário aturdido e sem saída para uma réplica aceitável”.  Em 1897, recomposta a situação política do Estado, retornou à redação d’A República’, assumindo sua direção três anos mais tarde, cargo que ocupou até sua morte, mantendo várias seções, abordando temas relacionados à Geografia, à Agricultura e às Ciências Naturais.
Diretor da Instrução Pública nos períodos de 1897 a 1905 e de 1911 a 1924, foi um dos principais responsáveis pela melhoria da educação no nosso Estado, introduzindo o ensino profissional agrícola.
Em sua mocidade, Manoel Dantas escreveu algumas dezenas de versos e vários contos, dos quais, alguns foram publicados no ‘O Povo’. Sócio fundador do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (1902), foi seu orador por longos anos.
Conferencista de renome, no dia 21 de março de 1909, no salão nobre do Palácio do Governo, realizou uma conferência sob o título ‘Natal daqui a cinqüenta anos’, que “é uma página que se lê com satisfação, não só pela forma, como ainda pela antevisão do destino que estaria reservado à pequena capital nordestina, hoje apelidada internacionalmente como o ‘Trampolim da Vitória’ .
Manoel Dantas faleceu a 15 de junho de 1924, na cidade do Natal. Casado com a senhora Francisca Dantas, deixou prole numerosa e ilustre. Vários de seus ensaios, foram reunidos no livro ‘Homens de Outrora’, publicado postumamente, por iniciativa do ex-governador José Augusto.
Percussor dos estudos do folclore no Rio Grande do Norte, Manoel Gomes de Medeiros Dantas que tinha por hobby fotografar a cidade do Natal e acontecimentos históricos, é patrono da cadeira nº 26 da Academia Norte-Riograndense de Letras.

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