A INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO NO BRASIL
José Ozildo dos Santos
Rosélia Maria de Sousa Santos
1 APRESENTAÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma síntese sobre o positivismo e sobre a obra de Auguste Comte, considerado o ‘pai’ desse movimento filosófico, que surgiu no século XIX. Naquela época, as descobertas científicas e os avanços técnicos faziam crer que o homem podia dominar a natureza. No entanto, o positivismo opôs às abstrações da teologia e da metafísica, sendo, portanto, contrário àquele pensamento.
Em seu aspecto crítico, o positivismo repudia toda especulação em torno da natureza da realidade, que afirme uma ordem transcendental não-suscetível de demonstração pelos dados da experiência.
No Brasil, esse movimento filosófico contribuiu para redefinir as idéias políticas que alimentaram as campanhas abolicionistas e anti-monarquistas, fazendo que a República se consolidasse como forma de governo.
Graças à filosofia positivista, a educação brasileira conseguiu romper com o modelo religioso que perdurava a mais de três séculos.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 AUGUSTE COMTE E O POSITIVISMO
O termo ‘positivismo’ surgiu na história da filosofia ocidental no século XIX e foi cunhado por Auguste Comte para designar uma teoria do conhecimento antigo (GOMIDE, 1999)
Informa Silvino (2007), que o positivismo foi um movimento de pensamento que dominou parte da cultura européia, influenciando a filosofia, as artes, a literatura, bem como a educação.
De acordo com Borges (2003), o positivismo como filosofia surgiu ligado às transformações da sociedade européia ocidental, na implantação de sua industrialização.
Essa influência se prolongou até o final da segunda década do século XX. Nesse período, acrescenta ainda Silvino (2007), que predominava a ideia de que era possível que a ciência era elaborasse instrumentos para dominar todos os problemas da humanidade, até porque o modo de produção era fortemente influenciado por ela.
O positivismo enquanto corrente filosófica influenciou diferentes produções humanas. Por outro lado:
[...] foi do positivismo social de Comte que fluiu uma primeira vertente ideológica voltada para retificar o capitalismo mediante propostas de integração das classes a ser cumprida por uma vigilante administração pública dos conflitos. A sua inspiração profunda é ética e, tanto em Saint- Simon, quanto em Comte, evoluiu para um ideal de ordem distributivista (BOSI, 1992, p. 282).
Considerado a maior expressão do pensamento positivista, Comte buscou um novo ponto de vista sobre a ciência, a política e a religião, que abrisse o caminho para uma organização política e que estivesse à altura da capacidade industrial e científica das sociedades modernas.
Triviños (1987) informa que o positivismo, nas ciências sociais, iniciou propondo um método para analisar o comportamento social semelhante a uma ciência analítico-normativa, propondo uma separação entre conhecimento e interesse.
Acrescenta ainda Triviños (1987), que o positivismo tem como base teórica os três pontos seguintes:
a) todo conhecimento do mundo material decorre dos dados ‘positivos’ da experiência, e é somente a eles que o investigador deve ater-se;
a) existe um âmbito puramente formal, no qual se relacionam as idéias, que é o da lógica pura e da matemática;
b) todo conhecimento dito ‘transcendente’ - metafísica, teologia e especulação acrítica - que se situa além de qualquer possibilidade de verificação prática, deve ser descartado.
O Positivismo dominou uma parte significativa da cultura européia tanto no âmbito filosófico como político e pedagógico. Por sua vez, Comte afirmava ser necessário estabelecer uma relação fundamental entre a ciência e a técnica e esse pensamento pendurou por várias décadas.
Apesar que ter influencia por décadas o pensamento humano, o positivismo perdeu sua importância na pesquisa das ciências sociais, face as transformações registrada no contexto acadêmico (TRIVIÑOS, 1987).
2.2 A INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO NO BRASIL
Na segunda metade do século XIX, todos os setores do pensamento humano era influência pelo positivismo, direta ou indiretamente. Essa época, o Brasil vivia um momento de instabilidade política, motivada pelas campanhas abolicionistas e anti-monarquistas, sendo, portanto, um cenário perfeito para a difusão das idéias positivistas.
A influência positivista, que foi preponderante nessa fase de renovação das idéias filosóficas no Brasil, começou a estender-se, a princípio, por meio de brasileiros que estudaram na França, alguns discípulos do próprio Comte.
De acordo com Isakandar e Leal (2002, p. 4)
O positivismo de Comte chegou ao Brasil em meados do século XIX. As idéias positivistas encontraram boa receptividade entre muitos oficiais do exército. Com um currículo voltado para as ciências exatas e para a engenharia, a educação se distancia da tradição humanista e acadêmica, havendo uma certa aceitação das formas de disciplina típicas do positivismo. As palavras ‘ordem e progresso’, que fazem parte da bandeira brasileira indicam claramente a influência positivista.
A maior parte dos líderes republicanos era positivista e essa situação refletiu na estruturação do novo regime, onde, nomes como Benjamin Constant ocuparam posições de destaque. Logo no início do período republicano, sob a influência do positivismo, Constant realizou uma importante reforma educacional, rompendo com o tradicional ensino religioso, que durante mais de três séculos caracterizou a educação brasileira.
À semelhança do que ocorreu em outras partes do mundo, o positivismo perdeu espaço no Brasil. No entanto, sua influência é novamente notada na década de 1970, quando o país era governado pelos militares.
Nesse momento da história, surgiu a escola tecnicista que teve uma presença marcante e foi posteriormente bastante criticada por reducionista e aceitar a ciência como o único conhecimento (ISKANDAR; LEAL, 2002).
3 CONCLUSÃO
O positivismo tem raízes ideológicas em diversos movimentos que tiveram lugar no século XVIII, sendo, portanto, produto direto de sua época. Comte tentou a síntese dos conhecimentos positivos de seu tempo. Sua intenção era produzir uma reforma social, a partir das ciências positivas.
Comte nunca se inclinou a favor de um empirismo radical e situou o positivismo entre o empirismo, afirmando que saber científico depende tanto de dados empíricos como de elaboração racional.
No Brasil, o positivismo teve uma importância especial para a evolução das idéias políticas, que serviram de preparação teórica à implantação da república. Foi importante a influência intelectual e política de Benjamin Constant, positivista e republicano.
É importante destacar que o no Brasil, o positivismo passou de ciência a doutrina de influência geral e foi defendida por muitos estudiosos.
4 REFERÊNCIAS
BORGES, V. P. O que é história. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2003. Coleção primeiros passos.
BOSI, A. A dialética da colonização. São Paulo: Cia das Letras, 1992.
GOMIDE, F. M. Uma reflexão histórica: crítica sobre a hipótese ficção do positivismo. Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas - CBPF/CNPq, 1999.
ISKANDAR, Jamil Ibrahim; LEAL, Maria Rute. Sobre positivismo e educação. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 3, n.7, p. 89-94, set./dez. 2002.
SILVINO, A. M. D. Epistemologia positivista. Psicologia, ciência e profissão, v. 27, n. 2, p. 276-289, 2007.
Nenhum comentário:
Postar um comentário