OURO BRANCO E SEU PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO
Rosélia Maria de Sousa Santos
Almair de Albuquerque Fernandes
O |
sítio arqueológico da Pedra Lavrada é um conjunto rochoso localizado no município de Ouro Branco, Estado do Rio Grande do Norte. O referido sítio, que ocupa uma área de aproximadamente 1500 m², é repleto de inscrições rupestres, de tamanhos e formas variadas, gravadas em baixo relevo. Tais representações encontram-se espalhadas por diversos setores dos entroncamentos rochosos situados às margens do Rio Raposa, que nasce no vizinho município de São José do Sabugi e entra no solo potiguar, através do território ourobranquense, percorrendo uma distância de pouco mais de 19 km até desaguar no Rio Quipauá, nas proximidades da localidade denominada Lajes.
Aspectos do painel principal do Sítio da Pedra Lavrada
Durante muito tempo, o local onde encontra-se situado o Sítio da Pedra Lavrada, às margens do Rio Raposa, foi considerado como parte integrante do município paraibano de São José do Sabugi. Localizado numa propriedade comum aos dois estados, o referido sítio somente passou a ser reconhecido como parte do município de Ouro Branco-RN, após a realização de estudos promovidos pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, em cumprimento a uma solicitação feita pelo vereador e ativista cultural Genildo da Silva Medeiros.
O entroncamento rochoso contendo as incisões rupestres encontra-se no ponto dado pelas coordenadas 6º 44' 19" S 36º 51' 54"W e está localizado a pouco mais de trezentos metros do marco limite RN-PB. Assim, após a divulgação dessa informação oficial, o referido sítio passou a ser reconhecido como parte do território ourobranquense e vem sendo objeto de grande atenção e ações visando à sua preservação.
No principal painel, disposto verticalmente, em cuja rocha suporte forma-se um poço - após uma pequena queda d’água - que conserva água não somente durante o período chuvoso, mas até os meses de agosto e setembro, existe uma grande profusão de sinais. São símbolos complexos, gravados ao longo do entroncamento rochoso em declive, até a sua base, que são cobertos pelas águas, no todo ou parcialmente, no período já mencionado.
Aspectos do painel principal do Sítio da Pedra Lavrada,
visto no período de chuvas
Aspectos do painel principal do Sítio da Pedra Lavrada,
visto no período chuvoso
O referido entroncamento rochoso, em formato convexo, mede aproximadamente 65 m de comprimento, apresentando, em determinados pontos, uma altura de 5,2 m em relação ao leito do Rio Raposa. Praticamente, o bloco rochoso se eleva no meio do referido curso d'água, ora de forma continua, ora deixando-se ser cortado pelas águas, formando pequenas ilhas de pedras, totalmente visíveis quando o leito do mencionado rio se encontra seco.
No painel principal, insculpido de frente ao painel secundário, na base do bloco de pedra, observa-se um conjunto de capsulares, seguidos de várias representações profundamente sulcadas, expressando diferentes motivos gráficos, onde se destacam mesmo ao longe, duas grandes gravuras em formatos quadrangulares, que intrigam os visitantes por sua simetria e perfeição de detalhes.
Frente ao painel principal do Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada, o visitante fica estático. Mergulha no passado e tenta entender, ou melhor, descobrir como o homem primitivo conseguiu produzir aqueles complexos grafismos em rocha tão dura, que representam um enigma para a civilização presente.
A Pedra Lavrada de Ouro Branco é impressionante. Ela pode até representar para alguns, mera brincadeira ou passatempo de índios desocupados. No entanto, ela representa o testemunho de um passado ali deixado por antigos caçadores coletores, que percorriam e habitavam as matas virgens do sertão do atual Seridó potiguar.
Caracteres existentes na base do painel principal do Sítio da Pedra Lavrada, somente vistos durante o período de estiagens
No painel principal, é possível identificar mais de trinta caracteres, que mesmo submersos às vezes por mais de seis meses no ano, conservam boa visibilidade. Na parte superior do bloco rochoso, existe um conjunto de caracteres dispersos e de variados tamanhos, incluindo círculos, pontos capsulares e representações complexas. Nessa parte, um processo natural dá ao bloco rochoso uma coloração avermelhada. Nessa área, é possível verificar que a ação do intemperismo tem produzido algumas descamações e eliminado complemente partes dos caracteres ali existentes.
Estes sinais, gravados em rocha dura, são comumente encontrados em todo o Brasil, em paredões rochosos de grutas, em Lages de pedras ao ar livre, enfim, nas mais diversas superfícies e nos mais variados locais.
Caracteres para parte superior do painel principal
do Sítio da Pedra Lavrada
O painel secundário, em frente ao anterior descrito, e que também fica submersos durante o período de chuvas registrado no município, é possível também encontrar um grande conjunto de inscrições, formado por círculos, retângulos, pontos capsulares, semicírculos e outros caracteres, cujos contornos já não mais completamente visíveis.
Impressionante, é que apesar da ação erosiva produzida pelo tempo e por muitos outros fatores, as inscrições rupestres da Pedra Lavra de Ouro Branco, em grande parte, resistem "deixando características agudas de sua perfeição e dos métodos de feitura empregados pelos seus cuidadosos autores".
Caracteres para parte inferior esquerda do painel
principal do Sítio da Pedra Lavrada
Caracteres para parte inferior esquerda do painel principal
do Sítio da Pedra Lavrada, contornados
para uma melhor visualização
No Sítio da Pedra Lavrada, as gravuras rupestres se apresentam ora em traços bem definidos, ora com contornos formados por linhas grosseiras, que não permitem uma interpretação completa.
Na parte assinalada com a seta na foto ao lado, existe uma cavidade na pedra, somente vista com maiores detalhes durante o período em que o Poço da Raposa, formado no local, seca. Contudo, o acesso a essa cavidade é possível em qualquer época do ano, pelo outro lado do bloco rochoso, em sua parte superior. Diversos registros rupestres assinalam a abertura desse espaço entre os blocos rochosos.
Fenda na rocha, na parte inferior, à direita, do painel
principal do Sítio da Pedra Lavrada
Aspectos internos da cavidade (ou marmita), localizada
na parte inferior, à direita, do painel principal
do Sítio da Pedra Lavrada
Aspectos dos caracteres rupestres existentes no interior da cavidade (ou marmita), localizada na parte inferior, à direita, do painel principal do Sítio da Pedra Lavrada
A marmita formada no entroncamento rochoso que contém o principal painel do Sítio Arqueológica da Pedra Lavrada, em Ouro Branco, mede, aproximadamente, 3,70 m de comprimento, possuindo uma profundidade que chega atingir 3,00 m em seu ponto máximo, com uma largura máxima de 1,70 m.
Na parte superior da abertura que liga o espaço interior ao leito do Rio Raposa, existe um conjunto de gravuras com formas bem definidas. No entanto, como uma parte da pedra suporte foi retirada, três dessas gravuras perderam consideráveis partes de seus contornos.
Aspectos dos caracteres rupestres existentes no topo do
entroncamento rochoso, contendo o painel principal
entroncamento rochoso, contendo o painel principal
Aspectos dos caracteres rupestres existentes num bloco
rochoso isolado, localizado à margem direita do rio Raposo,
cerca de 13 metros do principal painel do Sítio da Pedra Lavrada
Durante o período chuvoso, em decorrência das precipitações pluviais, as águas do Rio Raposa passam na frente do painel principal, submergindo grande parte dos caracteres rupestres.
Por outro lado, a falta de sombreamento impõe aos blocos rochosos que formam o Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada, um constante processo de esfolheamento, em decorrência dos choques térmicos: durante o dia, altas temperaturas; à noite, uma queda brusca de temperatura. Esse processo contrai e dilata os blocos de pedras constantemente, produzindo perdas em suas camadas superiores.
Cerca de trinta metros após o conjunto de blocos que contém o principal painel do Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada, rio abaixo, encontra-se um outro grande conjunto de pedra fragmentos, apresentando-se com se estivesse sido tombado, repleto de incisões. Algumas, apresentam boa visibilidade, outras, já sofreram a ação do tempo e encontram-se completamente apagadas.
Parte do Rio Raposa, onde o curso é dividido
em duas margens Ouro Branco-RN
O Rio Raposa - que cerca de cento e cinqüenta metros acima do entroncamento rochoso contendo o painel principal do Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada – se divide em dois braços, volta a assumir um curso único, após esse segundo bloco rochoso, contendo novos caracteres rupestres.
No entanto, o principal fator que tem contribuído para o desgaste dos caracteres que compõem esse conjunto rochoso é forma como o mesmo está disposto, completamente na horizontal, sem nenhuma proteção, sujeitos aos raios solares e à ação das chuvas, bem como das periódicas inundações do Rio Raposa.
Nesse imenso conjunto de blocos, nota-se que os primitivos executores dos caracteres rupestres utilizaram a técnica da raspagem simples com posterior polimento, o que deixa as marcas mais profundas. Nesses blocos, os caracteres absorvem forma e tamanhos variados.
A falta de visibilidade apresentada pelos caracteres dificulta a identificação precisa de seus contornos. Muitos desses caracteres já se encontram completamente desaparecidos. No entanto, os poucos que ainda podem ser identificados, atestam a dimensão desse imenso painel, onde mais de uma centena de grafismos ainda pode ser identificada.
Aspectos do conjunto blocos rochosos contendo caracteres
rupestres, localizado no meio do Rio Raposa
Durante o período chuvoso, em decorrência das precipitações pluviais, as águas do Rio Raposa passam na frente do painel principal, submergindo grande parte dos caracteres rupestres.
Por outro lado, a falta de sombra impõe aos blocos rochosos que formam o Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada, um constante processo de esfolheamento, em decorrência dos choques térmicos: durante o dia, altas temperaturas; à noite, uma queda brusca de temperatura. Esse processo contrai e dilata os blocos de pedras constantemente, produzindo perdas em suas camadas superiores, levando consigo, alguns caracteres rupestres.
No Sítio da Pedra Lavrada, os sinais, circulares, em losango, em retângulo, em disposição geométricas diversas, chamam a atenção pela sua excentricidade
Aspectos dos caracteres rupestres existentes num conjunto de blocos, localizado no meio do Rio Raposa, contornados para uma melhor visualização
Na análise desses grafismos é importante se promover uma observação completa de todo os painéis e nunca de apenas uma determinada gravura. Pois, através da análise de todos os painéis é possível se ter uma idéia do simbolismo que o Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada possui.
O Sítio da Pedra Lavrada, de Ouro Branco, se apresenta com um corpus gráfico de gravuras. Cerca de dez metros ao norte, do bloco fragmentado acima descrito, existe uma 'tenda' de pedra, formada por dois blocos inclinados em sentido oposto, dando ao interior o formato de um triângulo. Nesse espaço, que possui uma base com quase 1,5 metros e uma altura máxima de 0,90 metros, existem vestígios de algumas pinturas rupestres. Contudo, não apresentam boa visibilidade, impossibilitando a identifica de sua simbolização.
O Sítio da Pedra Lavrada, de Ouro Branco, se apresenta com um corpus gráfico de gravuras. Cerca de dez metros ao norte, do bloco fragmentado acima descrito, existe uma 'tenda' de pedra, formada por dois blocos inclinados em sentido oposto, dando ao interior o formato de um triângulo. Nesse espaço, que possui uma base com quase 1,5 metros e uma altura máxima de 0,90 metros, existem vestígios de algumas pinturas rupestres. Contudo, não apresentam boa visibilidade, impossibilitando a identifica de sua simbolização.
Abrigo rochoso contendo vestígios de pintura rupestre.
Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada, Ouro Branco-RN
Vestígios de pintura rupestre num abrigo rochoso,
no Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada, Ouro Branco-RN
Quanto ao bloco fragmentado existente no meio do Rio Raposa, percebe-se que nele não houve superposições nos grafismos. O que aconteceu foi um desgaste natural do suporte, produzindo ao longo de vários anos. Contudo, ainda existem gravuras cujos contornos são bem definidos.
No geral, as gravuras rupestres existentes nesse conjunto de bloco apresentam morfologia e temática semelhante. São gravuras de pés, tridígitos, retângulos, círculos e semicírculos, que se repetem por toda a extensão, tanto na horizontal, quanto nas laterais dos blocos.
Como o Sítio da Pedra Lavrada ainda não foi devidamente estudado, não há como afirmar quantas gravuras compõe seus vários painéis. É importante ressaltar que embora possa parecer simples, o levantamento de um sítio arqueológico é algo complexo, constituindo-se numa tarefa que exigem além de formação teórica, uma grande vivência de campo.
Leito principal do Rio Raposa, após o Sítio
Arqueológico da Pedra Lavrada
No que diz respeito à cronologia, com relação ao sítio da Pedra Lavrada, somente pode-se obter cronologias relativas, apenas sendo possível determinar quais os desenhos mais antigos e os mais recentes.
Os grafismos encontrados no Sítio da Pedra Lavrada, em Ouro Branco, possuem semelhança com as gravuras rupestres existentes no Sítio Arqueológico denomina Pedra Branca, no município de São Mamede, no Vale do Sabugi. É importante destacar, que:
Nessa região as inscrições rupestres são inúmeras. Não obstante, é unânime a presença de gravuras em baixo-relevo, que chamamos genericamente de itacoatiaras [...]. As inscrições dessa região ocorrem principalmente em painéis horizontais, decorando outeiros de grandes proporções quase sem deixar espaços livres. As gravuras são superficialmente sulcadas nos lajedos com polimento rústico no interior, cuja visualização só é possível devido à diferenciação cromática entre a superfície natural – já apresentando desgastes meteóricos, fixações orgânicas e oxidações – e o interior dos sulcos onde a rocha foi rejuvenescida pelo cinzel pré-histórico (BRITO, Wanderley. Arqueologia na Borborema. João Pessoa: JRC ED., 2008, pág. 108).
À semelhança de muitos outros sinais pictográficos do interior do Nordeste brasileiro, os grafismos da Pedra Lavrada de Ouro Branco foram insculpidos com apurada técnica. Mas, a quem atribuir tão perfeitos detalhes em rocha tão dura como o granito? Teriam sidos produzidos por uma comunidade pré-histórica, que deixou os vestígios de sua passagem, gravados nas duras rochas localizadas ao longo de nossos cursos d’água?
O Seridó potiguar é rico em registros rupestres. São gravuras e pinturas, que assumem formas e tamanhos diferentes e encontram-se espalhadas por quase todos os municípios da região, em serras, penhascos, cursos d'água e em outros lugares.
No Sítio Riacho Verde, corre de boca em boca, que o entroncamento rochoso que contém o painel principal é 'oco' e seu interior habita uma jovem princesa de longos cabelos pretos, que costuma se banhar no Poço da Raposa, durante as noites de lua cheia.
Deixando de lado as narrativas da tradição local, tem-se que reconhecer que estudos apurados poderão determinar com as gravuras da Pedra Lavrada, em Ouro Branco, foram cavadas e polidas. Para a população local, tais gravuras foram talhadas com ferramentas de metal e que mesmo assim, seus autores levaram anos para produzi-las. Observadores mais apurados afirmam que aqueles caracteres foram produzidos a partir da percussão de pedra contra pedra. Por enquanto, a forma com esse conjunto de símbolos foi produzida, ainda encontra-se mergulhada no campo da pseudológica.
No Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada, as gravuras rupestres assumem diferentes formas simétricas, são retângulos gradeados, pontos capsulares agrupados, sobressaindo ainda no painel principal, círculos, contornos curvilíneos e outras formas não definidas. Alguns símbolos, atingem até 95 cm. Os pontos capsulares, formando conjuntos ordenados, possuem, em média, 1,5 cm de profundidade, enquanto que os sulcos que formam as gravuras, atingem em média 3 cm de largura, apresentando a mesma profundidade de 1,5 cm.
Como tais gravuras, em grandes painéis, encontram-se a céu aberto, estão sujeitas a ação do intemperismo e sofrem um processo contínuo de desgaste. O referido sítio já perdeu muito dos primitivos sinais e um número considerável perdendo espessura e contornos. Outros, porém, apresentam-se tão somente resquícios.
Uma das formas de preservação que pode ser indicada para o referido sítio é o registro documental das gravuras. A modelagem do Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada, da superfície gravada, produzida por uma equipe de especialista, preservará para as gerações futuras, o que ainda resta do mencionado sítio arqueológico.
Lamentavelmente, apesar de seu grande valor arqueológico, o Sítio da Pedra Lavrada, em Ouro Branco, ainda não foi devidamente estudado. E, até alguns meses atrás era completamente ignorado pela imprensa e pelos pesquisadores potiguares.
Atualmente, o referido sítio arqueológico vem sendo procurado por número crescente de curiosos, bem como por vários de grupos de alunos de Ouro Branco, graças ao incentivo e ao trabalho de Educação Patrimonial, desenvolvidos pelos professores José Francisco de Figueiredo e Luís Figueiredo.
Após passar pelo entroncamento rochoso que contém o painel principal, o Rio Raposa novamente se ramifica: o leito principal segue em frente, enquanto que um secundário segue pela direita. Cerca de vinte metros à frente, o leito principal, pela esquerda, recebe as água de um secundário, que escorre sobre uma imensa plataforma de granito. E, após transpor o conjunto rochoso (contendo os caracteres rupestres) já abordado, poucos metros à frente, novamente absorve um curso único e assim segue até desaguar no Quipauá.
Às margens do braço esquerdo do Riacho da Raposa, uma série de ‘caldeirões’ – nome dado às covas lisas e circulares erodidas na rocha – se forma, dando à paisagem um aspecto exótico. Essas depressões de diâmetros e profundidades variáveis vêm aumentando gradativamente ao longo de milênios.
O Riacho da Raposa, à semelhança dos demais da região, é temporário. Entretanto, quando chove em suas cabeceiras, um grande volume d’água desce, formando uma grande correnteza, cobrindo grande parte do Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada. Apesar da aridez da região, o local onde se encontra o Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada, no município de Ouro Branco, é pitoresco. Juazeiros, carnaubeiras, angicos e baraúnas, sobrelevam-se no meio da caatinga, embelezando-a.
O Riacho da Raposa, à semelhança dos demais da região, é temporário. Entretanto, quando chove em suas cabeceiras, um grande volume d’água desce, formando uma grande correnteza, cobrindo grande parte do Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada. Apesar da aridez da região, o local onde se encontra o Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada, no município de Ouro Branco, é pitoresco. Juazeiros, carnaubeiras, angicos e baraúnas, sobrelevam-se no meio da caatinga, embelezando-a.
acima do Sítio Arqueológico da Pedra Lavrada
O imenso bloco de rocha na horizontal, parecendo que foi tombado, apresenta ainda mais de 70 gravuras, que mesmo com baixa visibilidade, pode ser fotografadas e moldadas, quando, previamente contornadas.
No vizinho município de Jardim do Seridó também existe uma localidade com o nome ‘Pedra Lavrada’, localizada às margens do Rio Seridó. Ali, também é possível se encontrar “umas inscrições rupestres curiosas e que debalde se tem procurado decifrar. Dizem que o Imperador Pedro II, sabedor dessa curiosidade, incumbiu a um magistrado alagoano de procurar-lhe a explicação, mas esse erudito não acertou com o lugar das inscrições. A impressão é de que por aqui passaram pessoas pré-históricas, que deixaram inscritos naquelas pedras uns sinais dando a impressão de sua antiguidade muito afastada. Diferem muito essas inscrições das pinturas que se encontram noutras serras e serrotes do estado, feitas a tintas indeléveis [...].
Reza a crônica local, que no Sítio Riacho Verde, a poucos quilometros do Sítio da Pedra Lavrada, de Ouro Branco, em 1956, seu proprietário, o senhor Celso Afonso, encontrou vários fósseis quando promovia a retirada dos sedimentos de um tanque de pedra formado entre dois lajedos.
Informou o professor José Nilton de Azevedo, que “para alguns pesquisadores, essa paleozoologia era de um rinoceronte, já para outros era de uma gigantesca tartaruga que existia na região do Seridó, no período da Pré-história. A interpretação é de que esse animal desceu para tomar água, porem não conseguiu subir, aí morreu e se petrificou”.
Lamentavelmente, esse acesso paleontológico, patrimônio ourobranquense, foi subtraído sem a devida autorização dos órgãos competentes, despareceu completamente e ninguém sabe o seu paradeiro.
FOTO: ROSÁLIA SANTOS
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