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sábado, 22 de janeiro de 2011

FLORES - PE

A ARTE RUPESTRE NO MUNICÍPIO DE FLORES – PE

José Ozildo dos Santos


O
 município de Flores, localizado no sertão do Pajeú possui em seu território vários sítios arqueológicos, contendo gravuras e pinturas rupestres. Até o presente, já foram identificados e catalogados vinte e dois sítios. Os sítios arqueológicos do município de Flores, em sua grande maioria, encontram-se localizados próximos aos cursos d’água, sendo dois dentro do próprio leito do Rio Pajeú.  
Existe, pois, na região a predominância de caracteres e grafismos da tradição Itacoatiara. Nesses sítios, destacam-se representações de possíveis astros, que nos fazem pensar em cultos cosmogônicos das forças da natureza e do firmamento. No entanto, nesses sítios, é mais freqüente a existência de linhas onduladas que parecem imitar o movimento das águas.
Dentro do perímetro urbano, encontramos dois sítios arqueológicos, ambos no leito do Rio Pajeú. O primeiro, situa-se no local onde o riacho da Velha deságua no Pajeú. Ali, existe um grande bloco de pedra, que se estende por aproximadamente 30 metros e é completamente coberto pelas águas daquele rio, quando de suas cheias.

Formação rochosa, ao longo do Rio Pajeú, onde se encontram as inscrições rupestres do Riacho da Velha, durante as primeiras cheias de 2009

Nesse bloco, encontram-se mais de trinta caracteres diversos. São gravuras que esboçam figuras geométricas e algumas linhas grosas, sem movimento e sem detalhes. Na parte superior da pedra existe representado um grafismo que lembra uma pequena cruz.
Na borda lateral, encontramos um conjunto de três pequenos círculos interligados na vertical. Entretanto, nesse painel sobressai um conjunto de grafismos em linhas, com ramificações diversas. Boa parte dessas gravuras já perdeu seus aspectos visuais, face o desgaste natural, produzido pelo intemperismo e pela ação inconsciente do homem atual.

Aspectos dos caracteres rupestres do Sítio Arqueológico Riacho da Velha, contornados para uma melhor visualização


 O referido painel possui aproximadamente 7 metros de comprimento por 2,60 metros de largura. A formação rochosa na qual se encontram as gravuras do Riacho da Velha, se estende por aproximadamente 45 metros, ocupando um espaço de aproximadamente 400m2..

Caracteres rupestres do Sítio Arqueológico Riacho da Velha,
sendo cobertos pelas águas do Rio Pajeú, maio/2009

Em diversos pontos da rocha existem ‘mensagens’ escritas em azul ou outras cores, cobrindo alguns caracteres, produzidas por aqueles que ignoram o valor arqueológico que tal monumento possui. Num segundo bloco de pedra, mais a frente do painel principal, também podem ser encontrados alguns vestígios, que lamentavelmente, não mais possuem contornos traçáveis.
Esses caracteres estão mais próximos do leito, e, conseqüentemente, mais susceptíveis ao desgaste natural e aos efeitos das inundações do referido curso d’água. Sempre nos períodos chuvosos, durantes as cheias do Pajeú, o sitio arqueológico do Riacho da Velha é completamente coberto pelas águas. Em conseqüência dessa particularidade, as gravuras ali existentes vêm desaparecendo mais a cada ano.

Caracteres rupestres do Sítio Arqueológico Riacho da Velha

Tal processo de degradação natural também é acelerado pela ação de pessoas que fazem do referido sítio arqueológico, local de banho, durante os períodos chuvosos, quando rio desce com água. As gravuras da ‘pedra das letras’ do Riacho da Velha, que são grafismos esquemáticos, pertencem à tradição Itacoatiara.
O segundo sítio arqueológico - contendo caracteres rupestres - localizado nas proximidades da cidade de Flores, denomina-se ‘Pedra dos Namorados’. O referido sítio encontra-se no meio do leito do Rio Pajeú, num ponto dado pelas coordenadas 07º 52’ 21” S e 37º 58’ 09” W, apresentando uma elevação de 257 metros.

Caracteres rupestres do Sítio Arqueológico Pedra dos Namorados,
contornados para uma melhor visualização


              Dependendo das cheias registradas no Pajeú, o referido bloco é completamente coberto. No entanto, quando a água baixa, forma-se na base da referida pedra um grande poço, que é utilizado por banhistas. Casais de namorados costumam freqüentar o local. E, dessa particularidade, originou-se a denominação do referido sitio arqueológico.
Na encosta do referido bloco de pedra, forma-se uma grande cavidade, onde estão gravados os caracteres rupestres. No entanto, pela ação natural e levando em consideração que o referido bloco de pedra sofre a ação das inundações anuais, os caracteres ali encontrados não apresentam boa visibilidade.

O Sítio Arqueológico Pedra dos Namorados, durante as primeiras
cheias de maio/2009


              Contudo, ainda é possível identificar treze representações, nas quais sobressaem vários conjuntos de círculos interligados, de pequenos diâmetros. Apenas um apresenta diâmetro superior a 15 cm. Na base inferior da pedra já bem próximo ao solo, pode-se notar duas seqüência de capsulares paralelos, sendo que a primeira possui oito pontos e a segunda, onze.
Tais pontos são de pequenas dimensões e formatos semelhantes. Em vários locais da pedra também pode-se observar a ação atual do homem, degradando-a.  A formação rochosa que forma a ‘Pedra dos Namorados’, prolonga-se até bem perto da margem esquerda do Pajeú e é circundada por vários outros pequenos blocos de pedra, ilhados no meio do rio. Os caracteres ali encontrados também pertencem à Tradição Itacoatiara.

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