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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O RIO GRANDE DO NORTE NA CRÔNICA POLICIAL DO SÉCULO XIX - V

MARIDO MATA MULHER EM BREJINHO
(06-01-1871)

José Ozildo dos Santos

De 11 de setembro de 1870 a 28 de agosto do ano seguinte, foram praticados 12 homicídios na Província do Rio Grande do Norte. No entanto, desses crimes um merece menção por sua gravidade e pelas circunstancias de que se revestiu. Na época, a pequena povoação de Brejinho era termo da Comarca de Goianinha. Seus habitantes exploravam a agricultura de subsistência e viviam de forma pacata.
O calendário registrava o dia 6 de janeiro de 1871. Era meio dia em ponto. O padre Manoel Ferreira Borges, vigário de Goianinha havia acabado de celebrar a Missa de Reis e um grande número de pessoas transitava pelas ruas da pequena povoação.
Sem um motivo conhecido, Manoel Francisco da Trindade, que acabara de ouvir a missa, “no meio de um numeroso concurso de pessoas, disparou sobre sua infeliz mulher, Joaquina Maria do Nascimento, um tiro de bacamarte, do qual lhe resultou a morte duas horas depois”.
O medo e o desespero tomaram conta da pequena povoação. O criminoso, ainda de arma em punho, logo evadiu-se do local. A vítima, recolhida por terceiros, agonizou até a morte, sem, contudo, receber qualquer assistência médica, pois ali não havia médicos, nem práticos.
O subdelegado de polícia local, Manoel Antônio Bezerra, após ciência de tão deplorável acontecimento, tomou providências enérgicas: reuniu cerca de cem homens armados e saiu no encalço do assassino, que havia se embrenhado pelas matas.
E, quando a vítima dava seu último suspiro, o enérgico representante da Lei - duas horas após o ocorrido - entrava na povoação de Brejinho conduzindo preso o marido assassino. Ainda naquela tarde, procedeu-se o exame de corpo delito e abriu-se o processo contra o delinquente, que conduzido à cadeia pública da vila de Goianinha, ali aguardou seu julgamento.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O RIO GRANDE DO NORTE NA CRÔNICA POLICIAL DO SÉCULO XIX - IV


O BÁRBARO ASSASSINATO DE UMA INOCENTE EM
JUCURUTU (31-08-1889)

José Ozildo dos Santos

A crônica policial do século XIX registra no Rio Grande do Norte um bárbaro homicídio ocorrido na antiga povoação de São Miguel do Jucurutu, parte integrante do município de Caicó, à época, ‘Cidade do Príncipe’.
No dia 3 de agosto de 1889, o senhor Manuel Tomás de Araújo, que ocupava o cargo de sacristão da Matriz de São Miguel de Jucurutu, compareceu à ‘Cidade do Príncipe’ para denunciar à imprensa, à polícia e à justiça, um fato gravís­simo ocorrido em sua localidade.
Em seu relato, Manuel Tomás informou que no dia 31 de julho daquele ano de 1889, encontrava-se na Igreja Matriz de Jucurutu, quando “apresenta­ram-lhe para dar à sepultura o cadáver de Rita, de 4 anos de idade, filha de Luiza, liberta do finado Major José Batista dos Santos. Estra­nhando ele que a própria mãe e a avó da infeliz criança se tivessem encarregado de levarem o cadaverzinho ao cemitério, quando existia um homem em sua companhia, interrogou-as, e viu imediatamente as suas lágrimas, aumentarem e entre outras frases entrecortadas pelos soluções dizerem: “Não choraríamos tanto se Rita tivesse sido  morta por Deus”.
Após ouvir semelhantes palavras o denunciante não consentiu que o corpo da menina Rita fosse sepultado, sem antes se proceder um exame de corpo delito. Assim, por falta de autoridade policial na localidade, convidou entre outras pessoas qualificadas no lugar, o capitão Francisco Brito, o tenente José Batista da Natividade, além dos senhores José Tomas e Honorato de Araújo, “para examinarem minuciosamente o cadáver, no qual encontraram sinais evidentes de arranhaduras de unhas no pescoço, manchas no corpo e o pescoço visivelmente deslocado”.
Sem muito esforço, logo chegou-se ao autor de tão horroroso fato. Tratava-se de um indivíduo conhecido por Manuel Cutuca, que odiava a criança e após matá-la, não consentiu que seu cadáver fosse amortalhado por estranhos. Quando o fato chegou ao conhecimento público, o assassino no mesmo dia evadiu-se.
Após informada, a autoridade policial do município de Caicó determinou a exumação do cadáver da infeliz criança e constatou que a mesma teve sua cabeça separada do tronco. Lamentavelmente, apesar das buscas promovidas pela força policial, o criminoso não foi capturado.

domingo, 11 de março de 2012

O RIO GRANDE DO NORTE NA CRÔNICA POLICIAL DO SÉCULO XIX

ASSASSINATOS EM CEARÁ-MIRIM
(Dezembro de 1879)

José Ozildo dos Santos

D
e 1867 a 1869 houve uma redução no número de crimes cometidos no Rio Grande do Norte. Dos 34 homicídios praticados neste período, dois que tiveram como palco o município de Ceará-Mirim merecem destaque. No dia 24 de dezembro de 1869, quando a população daquela próspera cidade comemorava o nascimento do menino Jesus, foi abalada com a notícia do assassinato do ancião José Joaquim Soares da Câmara, membro de uma das mais importantes famílias da região.
O crime foi praticado pelo escravo Joaquim (de propriedade da vítima), que contou com o auxílio de Agostinho de Barros Torres. O fato foi relatado pelo Chefe de Polícia ao Presidente da Província, nos seguintes termos:
“No dia 24 de dezembro próximo passado descançava  tranqüilo em sua casa, no sítio Tamanduá, o ancião proprietário José Joaquim Soares da Câmara, cuja família ali o havia deixado só em companhia de um menor, por ter ido à sede da villa ouvir a missa do Natal.
Nesse dia, Joaquim, escravo, que andava fugido com receio de ser castigado por faltas, que commettera como vaqueiro da fazenda do seu senhor concebeu o malévolo e criminoso intento de assassina-lo. E assim, para realisar tão nefando projecto convidou a Agostinho de Barros Torres, irmão de uma mulher com a qual entretinha relações illícitas.
Ao fechar da noite, depois de se haverem emboscado perto da casa, conseguiram invadi-la pela porta de detraz, e encontrando a victima no corredor, Agostinho desfechou-lhe uma tremenda cacetada sobre a cabeça, dando-lhe o escravo Joaquim por sua vez outra cacetada, das quaes instantaneamente succumbio aquelle infeliz.
Para cumulo de perversidade amarraram o cadáver pelo pescoço com uma corda de laçar gado e o suspenderam do chão atado em um torno, collocado na parede. Depois roubaram-lhe todo o dinheiro e papeis importantes, taes como títulos de divida, que existiam em casa.
Tendo-se evadido os autores de tão atroz, delicto, foram, depois em poucos dias capturados, mediante os esforços empregados pela polícia (...)”.
Dois dias depois desse sinistro acontecimento, ocorreu um novo crime naquele município: uma jovem de nome Joana foi assassinada por seus irmãos José e João Pedro de Castro. O fato ocorreu no lugar denominado Veríssimo, localizado nos subúrbios da antiga vila de Ceará-Mirim.
Os acusados, aproveitando-se da ausência de seus pais, por motivo de honra de família, assassinaram a irmã, “estrangulando-a com uma corda e por meio de compressões cujos vestígios foram observados no corpo de delito a que se procedeu”.
Presos, os irmãos José e João Pedro de Castro confessaram o horroroso crime que praticaram, declarando que amarraram a irmã depois de morta pelos pés e pelo pescoço, e, com o auxílio de um pau, conduziram-na para o mato, onde sepultaram o corpo da pobre moça numa cova rasa, previamente aberta. Dias depois, o referido cadáver foi exumado pelo delegado de polícia local, Major Miguel Ribeiro Dantas Júnior, responsável pelas prisões dos irmãos criminosos.
Pronunciados, os assassinos do ancião José Joaquim Soares da Câmara foram presos e recolhidos à cadeia de Ceará-Mirim. Ali, misteriosamente, o escravo Joaquim faleceu no dia 30 de junho de 1870, seis meses após assassinar seu antigo dono. O processo contra o segundo envolvido não foi apresentado.
Quanto aos irmãos José e João Pedro de Castro foram levados a juramento no dia 12 de setembro daquele mesmo ano de 1870. O primeiro, foi condenado à pena de morte, o segundo, à prisão perpétua.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O RIO GRANDE DO NORTE NA CRÔNICA POLICIAL DO SÉCULO XIX - II


O ASSASSINATO DO CAPELÃO DE JARDIM DE PIRANHAS (29-09-1825)

José Ozildo dos Santos

E
m 1823, o padre Antônio José Ferreira Nobre aparece no Rio Grande do Norte, exercendo as funções de capelão da povoação de Jardim de Piranhas, cuja capela, dedicada a Nossa Senhora dos Aflitos, integrava a Freguesia de Nossa Senhora Santana, de Caicó. Naquela povoação, a permanência do referido sacerdote foi curta e desastrosa. Esquecendo seu ministério, envolveu-se em questões banais e foi assassinado na referida povoação, no dia 29 de setembro de 1825, após ter recebido uma facada em uma de suas coxas.
Registra a tradição oral, no Seridó, “que o padre Ferreira Nobre era dono de um comportamento pouco recomendável”(1). E, envolvendo-se numa luta corporal com uma mundana, ao tentar tomar uma faca que ela portava, foi atingido mortamente na virilha. Transladado para Caicó, o corpo do referido sacerdote foi sepultado numa das arcadas da Igreja Matriz do Seridó (2).
Os dados biográficos do padre Antônio José Ferreira Nobre são poucos conhecidos. Sabe-se apenas que nasceu no ano de 1799, sendo, portanto, ignorados o local de seu nascimento e qual a sua filiação. Provavelmente, era parente próximo do padre Alexandre Ferreira Nobre, antigo capelão de São Gonçalo do Amarante, nascido em Natal entre os anos de 1812 e 1814. No entanto, seu nome também “faz lembrar o do padre José Ferreira Nobre, vigário de Pombal, altamente comprometido na jornada de 1817, nos sertões paraibanos, de quem a vitima pa­rece ser consangüínea”(3).
O que é certo, é que o padre Antônio José Ferreira Nobre por sua fama de namorador, não era bem visto pela população jardinense. Sua morte, de forma significativa atrapalhou o desenvolvimento da povoação de Jardim de Piranhas, que por duas vezes pretendeu ser elevada à condição de freguesia e não obteve êxito em sua pretensão.


NOTAS
1 - MEDEIROS FILHO, Olavo de. Cronologia Seridoense. Mossoró: FGD; FVR, 2002, pág. 225.
2 - Matriz de Nossa Senhora Santana (do Seridó). Livro de Óbito – Ano 1825. “Aos vinte e nove dias do mez de settembro de mil oitocentos e vinte e cinco na povoação do Jardim de Piranhas desta Freguesia do Seridó faleceo repentinamente sem sacramentos, por motivo d’huma facada em hua coxa da perna, o Reverendo Antônio José Ferreira Nobre, Prebistero Secular, com idade de vinte e seis annos. Seu cadaver foi sepultado nesta Matriz de Santa Anna, junto à grade do arco para baixo em o dia seguinte, sendo involto nas vestes sacerdotaes de cor roxa, acompanhado solemnemente, e encommendado por mim; de que para constar fiz este Assento que assigno. O Vigrº Francisco de Brito Guerra”.
3 - DANTAS, Dom José Adelino. Homens e fatos do Seridó Antigo. Garanhuns-PE: O Monitor, 1961, pág. 41.

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