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sábado, 21 de agosto de 2010

OURO BRANCO - RIO GRANDE DO NORTE

O RETRATO DE UMA CIDADE

José Ozildo dos Santos

O ESPAÇO FÍSICO

               Localizado na Microrregião do Seridó Oriental, o município de Ouro Branco fica a 264 km da capital, limitando-se ao norte com Jardim do Seridó, ao sul com o município paraibano de Várzea, a leste com Jardim do Seridó e Santana do Seridó e ao oeste, com Caicó.

Localização do município no mapa do Rio Grande do Norte

               Seu clima é tropical, megatérmico, do tipo muito quente e semi-árido, registrando temperaturas que oscilam entre 25 a 35º C. Em média, sua pluviosidade é em torno de 520 mm anuais.
Ouro Branco apresenta um relevo modesto de 100 a 200 metros de altitude. Predomina no município solos minerais, poucos desenvolvidos e bastantes suscetíveis à erosão, o que oferece restrições à agricultura, principalmente, por que apresentam pouca profundidade.

 Aspectos da  Igreja Matriz do Divino Espirito Santo

               Em Ouro Branco, realiza-se a extração de Itacolomi, cuja exploração é feita na Serra do Poção, principal acidente oreográfico do município, localizado a 9 km da cidade. O referido minério, que é utilizado em revestimentos, é exportado para diversos estados da federação, rendendo consideráveis divisas para o município. No território ourobranquense, além da Serra do Poção, existem ainda as seguintes formações: Serra da Formosa, Serra da Raposa, Serra do Olho d’Água e Serra Redonda.

Aspectos da Rua Cirilo de Souza - Centro 

               De acordo com o um último Censo realizado pelo IBGE, a população do município de Ouro Branco é de 4.620 habitantes. Cidade pequena, mas bastante acolhedora, Ouro Branco vem se destacando na região do Seridó potiguar por suas festividades, merecendo destaque para seu Carnaval, a Festa da Colheita, que é realizada no mês de junho e a tradicional Festa do Padroeiro (Divino Espírito Santo), que é comemorado no dia 4 de outubro de cada ano.
               No setor comercial, o município possui uma variedade de pequenos e médios estabelecimentos, típicos das cidades do interior nordestino.

ASPECTOS HISTÓRICOS

               Ouro Branco tem história recente. O povoado, núcleo inicial da atual cidade de Ouro Branco, recebeu inicialmente a denominação de Espírito Santo, e foi oficialmente instalado no dia 16 de julho de 1905, pelo Coronel Felinto Elísio de Oliveira Azevedo - uma das maiores expressões da política seridoense na República Velha - que a época, ocupava a Presidência do Conselho de Intendência de Jardim do Seridó, de cujo município, o atual território ouro-branquense fazia parte.

 Cirilo de Souza e Manoel Correia, fundadores da atual cidade de Ouro Branco

               Nesse mesmo dia, realizou na próspera localidade a primeira feira livre, que continuou sendo realizada aos domingos. O progresso veio rápido para o antigo povoado do Espírito Santo. Para tanto, fortemente concorreu os senhores Cirilo de Sousa (conhecido por Velho do Poção) e Manoel Correia, do Cobiçado.
               Durante a administração do Dr. Heráclio Pires, como prefeito de Jardim do Seridó, em 10 de maio de 1920, o próspero povoado teve sua denominação mudada para ‘Ouro Branco’, que é mantida até hoje, justificando a sua importância como produtor de algodão - o ouro branco - na região seridoense.
               A cultura do algodão que deu o nome ao município, trouxe também o progresso para a localidade. Diversas pessoas que moravam nas imediações, buscando facilidade de vida, para ali afluíram e construíram suas casas, fazendo com que o nascente povoado logo adquirisse delineamento urbano. Assim, durante a Interventoria do Dr. Mário Câmara, pelo Decreto Estadual nº 726, de 11 de setembro de 1934, o povoado do Espírito foi elevado à categoria de distrito administrativo, mantendo sua vinculação ao município de Jardim do Seridó, mas possuindo um subprefeito.
               Antes, porém, aos 30 de agosto de 1924, foi instalado na localidade a Agência dos Correios, solenidade que contou com a presença do Dr. Heráclio Pires, prefeito de Jardim do Seridó, e de várias pessoas influentes da região.
               Em 1944, o distrito de Ouro Branco passou a denominar-se ‘Manairama’. No entanto, aos 23 de dezembro de 1948, por força de Lei Estadual nº 146, voltou à denominação de Ouro Branco.
               No início da década de 1950, o povo ouro-branquense despertou para sua emancipação política. O referido movimento liberado pelo senhor Luís Basílio, ganhou o apoio do deputado João Guimarães, que, sensibilizado, apresentou na Assembléia Legislativa o projeto, que aprovado em plenário e sancionado pelo Governador Silvio Piza Pedroza, tornou-se a Lei nº 907, de 21 de novembro de 1953. Assim, surgiu no cenário político do Rio Grande do Norte, o município de Ouro Branco, possuindo uma área de 198 km².

Luís Basílio, coordenador no movimento em prol da emancipação política

               Desmembrando o município de Jardim do Seridó, quando foi criado, o município de Ouro Branco possuía 764 domicílios e uma população de 4.406, sendo que 3.426 residiam na zona rural e 980, na zona urbana. No entanto, esta situação mudou ao longo dos anos. Devido aos períodos de longas estiagens que assolaram a região, a exemplo dos demais municípios seridoenses, a população de Ouro Branco diminuiu satisfatoriamente, passando a concentrar-se, quase que exclusivamente, na zona urbana.
               Ademais, deve-se mencionar que o projeto apresentado pelo deputado estadual João Guimarães, encontrou forte resistência dentro da Assembléia Legislativa, por contrariar interesses políticos de outros deputados, que atuam na região do Seridó.
               O povo de Ouro Branco é muito religioso. Eclesiasticamente, os ouro-branquenses estiveram ligados à Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, até o dia 18 de maio de 1997, quando foi criada a Paróquia do Divino Espírito Santo, por decreto diocesano assinado por Dom Jaime Vieira Rocha, bispo de Caicó, a cuja diocese é subordinada a Paróquia de Ouro Branco.

UMA CURIOSIDADE NA HISTÓRIA DE OURO BRANCO

               No dia 6 de outubro de 1788, a povoação de Patos, no sertão da Paraíba, por Provisão Régia nº 14, tornou-se sede da Freguesia de Nossa Senhora da Guia, tendo seu território desmembrado da Matriz de Nossa Senhora Santana, do Caicó, então Vila Nova do Príncipe. Principiando na Serra do Teixeira, o território da nova freguesia abrangia toda a Ribeira das Espinharas. E, de acordo com a Provisão que criou a referida sede paroquial, a ela “também lhe pertencerá o Rio do Sabugi até a fazenda do Jardim e a Capela de Santa Luzia, com todos os seus moradores na distância de quatro léguas em circulo”.
               No entanto, o primeiro Vigário de Patos, Padre Manoel Rodrigues Xavier, “arrimado na declaração episcopal, segundo a qual os sítios que distassem quatro léguas da povoação de Santa Luzia, enquadrar-se-iam na jurisdição da Matriz dos Patos, declarou que os moradores no Espírito Santo (hoje, Ouro Branco), passavam a ser seus fregueses”.
               Esta decisão, não agradou os moradores da antiga povoação de Espírito Santo, que pretendiam continuar pertencendo à Freguesia da Vila Nova do Príncipe. Assim, em 1790, tais moradores endereçaram uma longa representação ao Bispo de Olinda, que designou o Cônego Penitenciário Manoel Vieira de Lemos Sampaio para tratar do assunto. Este, em fundamentado parecer, decidiu a favor dos habitantes da futura ‘Ouro Branco’, que continuaram pertencendo à Freguesia de Nossa Senhora Santana, do Seridó, sepultando as aspirações do Padre Manoel Rodrigues Xavier.

A EDUCAÇÃO NO MUNICÍPIO DE OURO BRANCO

O marco inicial do ensino no município de Ouro Branco, é o professor Isaias Ezequiel de Lucena, que em 1911, instalou no antigo povoado do Espírito Santo a primeira escola. Ali, por muitos anos, ensinou as disciplinas básicas e foi responsável pela educação de vários conterrâneos. No campo educacional, deve-se também registrar as contribuições dadas pelos professores Joaquim Venâncio e Zuza Bastos, que, por vários anos, mantiveram escolas particulares, em suas próprias residências.

Praça Governador Aluizio Alves

               Hoje, o município de Ouro Branco está servido educacionalmente com quatro escolas isoladas do Estado, localizadas na zona rural e que funcionam em prédios cedidos pela Edilidade Municipal. Ademias, na zona urbana, existem ainda duas escolas estaduais e três municipais. Na rede municipal de ensino é digno destacar o ‘Centro Municipal de Ensino Rural Profª Luzia Maciel de Azevedo’, “onde estão integradas as unidades escolares que outrora funcionavam na zona rural e passaram a funcionar na sede do município”; e a Escola de Ensino Fundamental e Médio José Nunes de Figueiredo.

ATIVIDADES CULTURAIS

               Ouro Branco é uma cidade que preza pela cultura. Rica em valores locais, possui um elevado número de artistas, músicos e poetas, que projetam-se além dos limites estaduais.
               Ainda em finais dos anos 70, criou-se no município a Filarmônica Manoel Felipe Nery (cuja denominação é uma homenagem ao primeiro professor de música da cidade), que teve como primeiro regente o talentoso maestro Urbano Medeiros, músico conhecido internacionalmente, que nos dias atuais percorre o Brasil e o mundo, como missionário da Igreja Católica, divulgando os ensinamentos de sua religião e a arte da música.

Aspectos do centro da cidade

               A semente plantada pelo maestro Urbano Medeiros, produziu bons frutos em Ouro Branco. Em abril de 1989, surgiu na cidade a ‘Banda Aryaxé’, grupo musical bastante conhecido em toda a região do Seridó e inclusive na Paraíba. Atualmente, destaca-se na música instrumental o jovem Orilo Segundo Dantas de Melo, considerado uma grande promessa na música potiguar. 
               O primeiro grupo teatral ouro-branquense, foi o ‘Mandacaru’, formado por filhos da terra e que nasceu da inspiração de Milton Dantas da Silva. Graças aos esforços desse talentoso ativista, o grupo encenou a sua primeira peça (‘Um dia o Arrependimento’), obtendo grande aceitação popular.

Orilo Segundo Dantas de Melo
Personalidades da música instrumental
               Cidade da poesia, Ouro Branco é a terra natal do poeta Orilo Dantas de Melo, glosador e repentista dos mais afamados no Estado, que integrou a Academia de Trovas do Rio Grande Norte. Dentre seus filhos ilustres voltados para a cultura, pode-se ainda citar o jornalista Abmael Morais, “que atuava na Paraíba e nunca quebrou suas raízes com a sua amada Ouro Branco”.

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