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quarta-feira, 30 de março de 2011

NOS PASSOS DE UM SANTO

PADRE JOÃO MARIA E O ‘OITO DE SETEMBRO’


José Ozildo dos Santos


No dia 8 de setembro de 1897, circulou na cidade do Natal o primeiro número do periódico ‘Oito de Setembro’. Revista católica, impressa em oito páginas e subordinada à direção do virtuoso padre João Maria Cavalcanti de Brito, pároco da Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, o ‘Oito de Setembro’ dizia-se ‘religioso e popular’. Bem redigido, foi ele o primeiro porta-voz da religião católica no estado do Rio Grande do Norte.
Padre João Maria Cavalcanti de Brito

Homem inteligente e possuidor de grandes qualidades morais, o padre João Maria - que lia e falava fluentemente o francês - deixou seu nome da história da imprensa potiguar: foi o fundador do primeiro periódico católico publicado no Rio Grande do Norte.
Inicialmente, o Oito de Setembro era publicado quinzenalmente. Posteriormente, reduzido a quatro páginas, passou a ter uma circulação semanal. Em seu frontispício, lia-se: ‘fundado pelo padre João Maria Cavalcanti de Brito’.
Na primeira edição que saiu do prelo, logo após o falecimento do padre João Maria - e datada de 14 de novembro de 1905 - o Oito de Setembro publicou uma poliantéia de onze páginas, em cuja capa, “via-se emoldurado em vinhetas expressivas e artisticamente dispostas” o seguinte soneto do poeta Segundo Wanderley:

Extrema unção

Musa do luto, Musa da tristeza,
Toma o saltério roxo da Saudade;
Vamos cantar o Sol da Caridade,
Vamos Carpir o Anjo da Pobreza.

Quem dos fracos sucumbe na defesa,
Contemplando da Glória a claridade,
Tem no próprio martírio a majestade,
Tem no mesmo Calvário a realeza.

Musa, não ouves um concreto estranho?
Chega da Mágoa o pálido rebanho,
Deixa que pare o lúgubre cortejo...

Enquanto a nota afinas da amargura,
Naquela fronte aureolada e pura,
Quero imprimir o derradeiro beijo...

Após a morte do padre João Maria, o Oito de Setembro circulou ainda por dois anos. Inicialmente, teve como diretor o Cônego Francisco Severiano de Figueiredo e, posteriormente, o padre Moisés Ferreira que sucederam o ‘santo seridoense’ na regência da Matriz de Nossa Senhora da Apresentação. O último número deste ‘hebdomadário religioso e popular’ circulou no dia 8 de dezembro de 1907.

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